sábado, 16 de janeiro de 2010

sobre o amor

Dona romana se apaixona por um rapaz desconhecido que antes de morrer cravou nela uma semente, guardou o pau e sumiu. Mas com a consciência pesada disse:

Tentei seguir os trilhos, deitar no horizonte, te levar ao arco-íres, por em tuas mãos buquês de grandes estrelas brilhantes, trazer algodão doce das nuvens. Mas não consegui terminar nosso lar na lua nem te dar pra jantar sopa de sol,e, hoje, o oceano é pouco para minhas águas. Antes a chuva era a retina da minha memória. A noite me lembrava os suspiros da eternidade, a claridade... Era você. Mas estou sem guarda-chuva, a lua tem surgido incompleta no céu de nuvens tensas e os suspiros se transformaram em lágrimas que tornaram frágil meu coração. As minhas estrelas (perderam o movimento) agora permanecem no mesmo lugar. Todos meus sonhos foram como palavras ao vento. AAAHH vida breve. Breve felicidade. Quando Ainda uma lagarta desejei ter asas. As criei, mas não eram de verdade. vi da janela meu corpo que vagava. vi meu futuro morto e morto eu realmente estava.


Sabendo do que acontecera ao seu amor


A mulher faz um aborto
No forro sujo da cama
Pra ver o homem que ama
Na feição do filho morto

(Manuel Filó)

E o filho em pensamento diz...
Mãe, não chora to indo pros braços da lua
A gente faz loucuras e morre
Caminharei por outras estradas
Agora estão atadas
As duas pontas da vida
Seguirei para minha terceira margem
Não pare e nem pense
O tanto que não viverei
Fui feliz o bastante pra levar no sangue
O quadro que de você pintei
Se fomos feitos do barro
Humano frágil
Nascer viver morrer. Transcender é a lei
Não te sinta culpada pelas mágoas passadas
Cada lágrima um ensinamento
Somos podres por fora e por dentro
Apodrecemos antes de fechar os olhos
Ao piscar recordo que um dia te reencontrarei.

parindo dores no forro sujo da cama, nos lençóis de mares vermelhos, gemendo, gritanto... Dona Romana sabe


Saudade é febre que dá
mas é quentura que não se sente
saudade de amor eterno não é saudade, é presente
E a gente se enrola na cama e fica
engembrada feito quando tá com dor de dente
mas saudade é uma dor boa, dor que, às vezes, é de não doer
que tanto a gente gosta que pra ela
não ir embora a gente toma banho quente.

mas ela esquece que...

A imobilidade do corpo não responderá os fatos.
Inferno é sentir o corpo quente em estado de espírito.
cortar os pulsos, ser o próprio abismo.
Querer ser a cera por achar que o fogo está acabado.
sentir-se ser incediado pela força do seu desejo que seu prazer tem.
encanto, canto, desespero,
sentiu seu cheiro, arrancou carne de sua carne. Serviu-se a dor.
Viu seu fio forrar seus lábios,
lambeu a pele fina, ascendeu a lamparina, mas o fogo apagou...
Não é tão fácil de exlicar nem tão difícil de se compreender,
apenas não existe a vida sem amor.


Tempos depois...


Numa tarde fria temperada com sombras
das nuvens tensas que desenhavam o chão
vagava solitária Dona Romana com seu semblante divino
Tinha seus olhos fixos com traços de dúvidas...
Mas que dúvidas? O que ainda poderia atordoar a beleza daquela graça
que tinha suas jabuticabas rasas d'água?
O que pensava, não sei.
Quando o sol surgio derreteu seu corpo que formou uma poça de lama
no chão da praça. Talvez, fosse ela a lua e tivesse ído passear.


embora esteja aqui contando essa história não de amor, mas sobre o amor

Descordo quando dizem que ser poeta
é sobre as mágoas e dores dos mundos
ou sobrenatural ser que vaga
solitário, sem destino, sem segundos.

Não que chore e mentindo não sinta
o que em linhas sangra encantos
nem que seja um rato ou um ser
malassombrado que viva de desencantos

Mas que sim seja controverso
escrevendo até o que não sabe em versos
desenhando em linhas tortas

Fazendo confusões querendo dizer o inverso
sendo mal compreendido, costurando reverso
purezas lindas e mortas.


Vitoria fulô ;)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010


As nuvens surgiam densas

por todo lado da serra

como montanhas suspensas

com fimbrias da cor da terra

a terrivel saraivada caia

tão arrojada parecia um desespero

zigue-zagues em seu jogo

fingiam cobras de fogo

brigando no nevoeiro!

(cancão)


O A morte é apenas o resultado da incerteza de transformar os sonhos em realidade sem saber se eles continuaram existindo. É bem difícil falar de existência e inexistir. Vitoria fulô